Quem são os donos da mídia

Conhecer quem são os proprietários da mídia, quais são seus interesses associados, negócios, ligações políticas e religiosas é fundamental para conseguir ler criticamente as informações que chegam até você. O Intervozes realizou a pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia no Brasil. O “MOM Brasil” (da sigla em inglês Media Ownership Monitor) é a versão brasileira de um projeto internacional da Repórteres Sem Fronteiras da Alemanha. O projeto já foi aplicado em 10 países.

A pesquisa visa levar ao público em geral informações sobre os 50 maiores veículos ou redes de comunicação (em audiência) e os principais grupos e pessoas ligadas a eles. Foram analisados quatro tipos de mídia: impressos, online, rádio e televisão. Dos 50 veículos maiores em audiência: 9 pertencem ao Grupo Globo, 5 ao Grupo Bandeirantes, 5 à família Macedo (controladora do Grupo Record e da Igreja Universal), 4 fazem parte da RBS e 3 veículos são da Folha de S.Paulo.

A pesquisa também analisou as relações empresariais e outros negócios dos donos da mídia, percebendo que mercado financeiro, agronegócio e mercado imobiliário estão entre os principais setores de atuação dos proprietários. Dos 26 grupos controladores dos 50 veículos mapeados, 21 possuem negócios em outros setores da economia. E destes 21, sete têm em outras atividades seu negócio principal.

A crescente presença religiosa na propriedade dos meios também está presente. Dos 50 veículos analisados, 9 são de propriedade de lideranças religiosas – todas elas cristãs. E, dentre essas, 5 direcionam totalmente o conteúdo para os valores de sua religião.

As empresas de mídia no Brasil não disponibilizam as informações e, geralmente, também não respondem aos pedidos de informações: nenhuma empresa forneceu aos pesquisadores dados sobre controle acionário, nem mesmo as concessionárias de rádio e TV. Um dos grupos chegou a afirmar: “por motivos estratégicos, as informações solicitadas não são públicas”. No entanto, as concessões são públicas, e os indicadores da pesquisa mostram um risco alto ligado à falta de dispositivos legais que garantam a transparência.

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