A novela do Uber

Não tinha muro como no impeachment da presidente Dilma, mas a Esplanada dos Ministérios voltou a ser dividida. Desta vez por uma barreira imaginária que separava taxistas dos motoristas de aplicativos como Uber, Cabify e 99. A terça-feira foi tensa, tanto dentro quanto fora do Congresso Nacional. Nos corredores do Senado, onde seria votado o Projeto de Lei da Câmara (PLC) número 28, representantes das duas categorias abordavam os senadores e pediam apoio.

Os taxistas queriam o texto aprovado sem nenhuma alteração. Os “uberistas”, como estavam sendo chamados os motoristas dos aplicativos, pediam a derrubadas de propostas, como a obrigatoriedade da placa vermelha, o fim da exigência de que o condutor seja proprietário do veículo e a retirada de poder dos municípios para regular o serviço. Acabou vencendo o segundo grupo.

As empresas temiam a aprovação do projeto sem mudanças e respiraram aliviadas. Diretora Jurídica da Cabify, Juliana Minorello aposta que a reação popular dos usuários de aplicativos contribuiu para que os senadores não aprovassem o texto-base sem alterações, o que engessaria o serviço prestado pelas empresas.

“Se explicou para população porque que aqueles pontos eles atrapalhavam, prejudicavam o serviço. E a população colocou a voz dela e os senadores ouviram”

Em nota, a Uber, pioneira e maior do setor de transporte particular por aplicativo do mundo, também comemorou. A empresa considerou o resultado uma resposta do Senado ao clamor dos seus mais de 500 mil motoristas e 17 milhões de usuários no Brasil. O diretor de políticas e comunicação da 99, Matheus Moraes, considerou “equilibrado” o texto aprovado, mas entende que há muito ainda o que fazer junto aos 513 deputados.

Taxista em São Paulo e uma das lideranças da categoria que torcia pela aprovação do texto-base da Câmara, Alessandro Fattioli, também cantou vitória, já que a maior parte do projeto original foi mantida. Ele acha que muita coisa ainda deverá ser mudada na Câmara. Só não sabe quando.

O texto segue de volta direto para o plenário da Câmara e só entra em discussão quando o presidente da Casa e os líderes concordarem em colocá-lo de volta em pauta.

da Agência do rádio