Vitória indígena

Integrante da tribo indígena Xukuru, de Pesqueira, no Agreste, Hélio Ferreira Coelho acaba de conquistar um título histórico para seu povo: a graduação em arquitetura e urbanismo. Primeiro de sua tribo a se formar no curso, o índio mostrou que o passo inicial para conquistar objetivos é acreditar nos sonhos. Há seis anos, pensou em estudar em nível superior. Preparou-se e conseguiu uma vaga na Faculdade Damas, onde se formou na semana passada. No dia da colação de grau, fez questão de usar na cabeça o cocar e um colar de sementes no pescoço, símbolos da sua tribo.

Aos 42 anos, casado e pai de dois filhos, de 22 e 14 anos, Hélio é exemplo para toda sua família. Primeiro entre os 16 irmãos a concluir a faculdade, estudou em escola pública na maior parte de sua vida. Os pais tiveram que deixar a Aldeia Capim de Planta após conflitos na região e buscaram melhores condições de vida. Instalaram-se na zona urbana do município, a 215 quilômetros do Recife. Na cidade, o pai passou a trabalhar como operário numa antiga indústria de alimentos.

Para Hélio, sua formação representa uma vitória diante das dificuldades e do preconceito que ainda perduram em relação à capacidade do povo indígena.

Com o trabalho Nação Xukuru de Ororubá, o progresso e o regresso: conflitos fundiários e a nova administração no território indígena de Pesqueira e Poção, em Pernambuco, Hélio trouxe uma versão atualizada da sua tribo.

Segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), cerca de 10 mil índios vivem num território de 27,5 mil hectares entre as cidades de Pesqueira e Poção. De acordo com o órgão, existem famílias morando em núcleos urbanos espalhados pelo município de Pesqueira, principalmente nos bairros Xucuru e Caixa d’Água.

De acordo com o Censo da educação superior de 2015, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 32 mil índios estão matriculados na educação superior em todo o país. 

do diario de pernambuco