Burocracia na ciência?

A burocracia para solicitar ou gerir projetos na área de ciência, tecnologia e inovação aumentou 69% nos últimos anos. As atividades de gestão desses projetos são consideradas muito complexas por quase 90% dos pesquisadores. Esses e outros números foram tirados da pesquisa “O que pensa o pesquisador brasileiro sobre a burocracia?”, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, que ouviu mais de 300 pesquisadores em 23 estados e no Distrito Federal no fim do ano passado.

Entre os participantes, 64% afirmaram que os recursos para os projetos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação vêm de recursos públicos, mas 41% constataram que a burocracia diminui quando se trata de apoio vindo de empresas privadas. Para os pesquisadores, muitos papéis, muita formalidade e não priorizar os resultados dos projetos estão entre as maiores queixas. O pesquisador e economista Reynaldo Fernandes atribui ao setor uma grande importância. Para ele, o segmento da ciência, tecnologia e inovação pode movimentar positivamente a economia de qualquer país.

“A área de pesquisa é fundamental para o crescimento econômico em qualquer país. Na verdade, a principal fonte de crescimento é a inovação técnica. Países que têm bom desempenho na área de pesquisa saem na frente na inovação técnica e também na formação de quadros para utilizar essas novas tecnologias.”

O ex-ministro da Ciência e agora deputado Celso Pansera (PMDB – RS) concorda que ainda há muitos entraves para o setor. A contratação de pesquisadores por meio de bolsas e o tempo gasto nas importações de bens utilizados na coordenação e execução de programas na área são considerados alguns dos principais pontos da burocracia a serem combatidos, de acordo com o deputado.

“É parte do nosso processo buscar iniciativas que facilitem as iniciativas na área de inovação no Brasil. O Brasil é muito burocratizado, as coisas demoram muito para acontecer.”

Celso Pansera é autor de um projeto de lei (PL 6461/16) que visa desburocratizar o segmento da ciência, tecnologia e inovação no País. Nessa semana, a proposta foi aprovada pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público na Câmara dos Deputados. O próximo passo é passar por pelo menos mais duas comissões antes de seguir para votação no Plenário.

do agência do rádio