Crise é desculpa para atendimento precário nas UPAs


Usuários da rede de urgência e emergência de saúde do Estado sofrem os efeitos da restrição de serviços. Madrugar, disputar fichas limitadas e guardar a dor para o dia seguinte passou a ser realidade para quem depende das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Grande Recife, uma rede implantada em 2010 e que sofre os efeitos da crise financeira do Estado. “Cheguei às 5h10 para conseguir uma ficha. Desde o dia anterior (quinta-feira) que sinto dor, mas tive que esperar pois não há ortopedista de plantão”, contou a artesã Rita de Cássia Correia de Sales, 43 anos, ao buscar pelo segundo dia atendimento na UPA Solano Trindade, em Nova Descoberta. 

Para suportar os repasses financeiros atrasados e sem correção, as organizações sociais responsáveis pela gerência dos serviços começaram a cortar gastos, ajustando escala médica, demitindo profissionais e passando a ser mais restritivas no horário noturno. As UPAs continuam abertas 24 horas, mas já não é certeza encontrar atendimento para todas as especialidades inicialmente oferecidas. O presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco, Gil Brasileiro, alega que toda a readequação das escalas está sendo feita em negociação com a Secretaria Estadual de Saúde, diminuindo plantonistas apenas nos horários de menor demanda. Algumas, por exemplo, já tinham limitado até as 22h o horário de ortopedistas. Agora, começam a diminuir a disponibilidade também de clínicos, pediatras e dentistas. O problema é que não se sabe até onde vão os cortes.

A Secretaria Estadual de Saúde garante que não irá fechar serviços, “mesmo diante das dificuldades por que passa todo o País”. Sem detalhar o que de fato está acontecendo em cada uma das 15 Unidades, 13 delas no Grande Recife, informa que “vem realizando estudos e dialogando com as Organizações Sociais para readequar escalas de plantões de acordo com a demanda da população e o desenho da rede de assistência”.

adaptado do JC - foto: portal saude.pe.gov.br

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